A megaoperação deflagrada ontem no Rio de Janeiro (28 de outubro), mirando a cúpula do Comando Vermelho (CV), além de um fato policial é um alerta sobre a falência de certas políticas e narrativas. O CV, hoje a maior facção do estado e uma das maiores do país, não alcançou seu poder por acaso ou por “acidente social”. Sua ascensão é a história de um império construído sobre a exploração cínica e a extorsão brutal da população mais pobre, tudo sob o manto da omissão estatal e, pior, da complacência ideológica.
É crucial desmistificar o CV. Eles não são “revolucionários” ou “justiceiros”. São empresários do crime organizado, com uma visão clara de como lucrar com a miséria e o medo. O tráfico de drogas, embora fundamental, é apenas uma parte da equação. O verdadeiro poder territorial da facção reside no monopólio armado dos serviços básicos dentro das comunidades.
O morador de bem é obrigado a pagar taxas absurdas para ter acesso a itens básicos. O preço inflacionado do bujão de gás, o valor extorsivo da internet clandestina são exemplos disso. Nas comunidades o crime organizado construiu verdadeiros feudos, onde seus moradores sofrem uma escravidão econômica. O dinheiro do suor do trabalhador, da aposentadoria da avó, é desviado para financiar fuzis e o luxo dos chefões. Eles impõem uma ditadura armada, onde a única lei é a deles, e a única “ordem” é a obediência cega ao medo.
Neste cenário de terror, a voz que mais faz falta é a da clareza e da firmeza. Setores da esquerda insistem em uma narrativa que, na prática, blinda o criminoso. Ao tentar justificar a ascensão do CV como mero “reflexo da desigualdade social”, eles ignoram a maldade intrínseca e a escolha deliberada pelo crime. Essa romantização do bandido serve apenas para desviar o foco da responsabilidade e da necessidade de uma política de segurança pública rigorosa.
Enquanto se debate a ideologia, a população das comunidades – composta por trabalhadores, estudantes e famílias honestas – é a verdadeira e silenciada vítima. São eles que vivem sem o direito de ir e vir, que veem seus filhos alvos fáceis para o recrutamento e que perdem a dignidade diariamente, obrigados a viver sob as regras do fuzil. A tese de que o CV é um “mal menor” ou o “Estado paralelo” é uma desculpa perigosa que só beneficia a expansão dessa organização criminosa até que tudo seja CV.
O combate ao Comando Vermelho, como vimos na recente megaoperação, não é uma questão de ideologia, mas de soberania e justiça social elementar. É preciso que o Estado retome o controle total de seus territórios e que o foco seja a libertação desses milhões de brasileiros que hoje vivem em um verdadeiro cativeiro a céu aberto.
É hora de desarmar a narrativa ideológica e armar as forças de segurança com o apoio irrestrito da lei. A vida e a liberdade do cidadão de bem valem mais do que qualquer justificativa sociológica para o crime.
